domingo, 29 de julho de 2018

Semana 6 - Memórias tecnológicas


Seria impossível pensar nas memórias tecnológicas da escola sem olhar para o que já vivenciamos. Nascida em 1986, com início da vida escolar em 1993 lembro bem dos momentos tecnológicos mais marcantes na escola e na família.
Quando aluna da educação básica participei de momentos marcantes para a escola com as tecnologias, durante o ensino fundamental o recurso mais tecnológico adquirido pela minha família foi um maquina de escrever, esse momento marcou o início dos trabalhos de pesquisa datilografado. As pesquisas eram feitas em um livro chamado “Manual didático” que era inclusive, vendido de porta em porta e quando não era suficiente, tínhamos que ir até a biblioteca pública no centro de Canoas para pesquisar. Na escola os recursos tecnológicos eram o rádio, muito utilizado nos dias de chuva pela professora de educação física. O retroprojetor, utilizado principalmente pelos professores de história, artes, ciências e geografia para auxiliar na visualização de imagens em escala maior. O xerox e o mimeógrafo também fizeram parte deste momento.
Ao iniciar o ensino normal, o celular marcou esta fase, mesmo que ainda sem acesso a internet servia para a comunicação entre colegas através de mensagens SMS.  Neste mesmo período iniciou-se o uso de internet na minha família junto com a compra de um computador e com ele o uso de disquetes. O acesso à internet ainda era muito precário, internet discada e com um valor alto durante o dia, por isso o acesso se dava somente após a meia noite, pois o valor era pelo pulso e não por minutos como durante o dia. Os trabalhos de pesquisa começaram a ser digitados e logo foi necessária a compra de uma impressora para a impressão dos trabalhos na própria residência.
No ensino normal, durante uma aula de prática docente tivemos o dia de como fazer uma “matriz” e de como utilizar o mimeógrafo. A professora explicou direitinho como utilizar tanto a folha como o aparelho. Após a explicação todas as alunas fizeram uma matriz e puderam “rodar” a folhinha no mimeógrafo. Aprendemos também como fazer “lâminas” para retroprojetor. O retroprojetor durante o Ensino Normal foi muito utilizado, os professores faziam muito uso deste recurso.
Com o passar dos anos, ainda no Ensino Normal, o retroprojetor foi dando espaço para o Datashow, os celulares começaram a ter câmeras e acesso à internet, mas o mimeógrafo...  demorou muito tempo para ser substituído.
As memórias tecnológicas vivenciadas enquanto docente (e aluna de ensino superior) foram menos impactantes, pois a maioria se tratou de substituições e aperfeiçoamento de algo que já existia.  Abaixo apresento fotos de arquivo pessoal, para ilustrar algumas inovações tecnológicas vivenciadas durante a prática docente e acadêmica.


Foto 1 ( 2012): Enquanto utilizava o mimeógrafo para prepara folhinhas de atividades para os alunos, no notebook preparava as fotos dos alunos que seria o presente de dia das mães daquele ano.  Dupla tarefa ocorria por que a demora no carregamento das imagens era tão grande que optei por fazer outra tarefa no mesmo momento. O clique foi feito por uma colega, pois duas “eras” estavam sendo utilizados no mesmo instante. A imagem postada, já em uma rede social rendeu diversos comentários a respeito destes dois recursos.


Fotos 2 e 3 (2013): As fotos mostram a utilização de dois recursos para a escrita de Braile. O clique ocorreu durante uma das aulas do curso de extensão em AEE. Os dois recursos são utilizados por cegos pra a escrita e para a produção e mátria de escrita para cegos. Até este dia, não conhecia estes materiais pessoalmente. Além destes, outros recurso para a escolarização de cegos foi conhecida como o soroban, réguas de aumento e bengala.  


Foto 4 (2014): Nas mãos o primeiro tablete, adquirido como uma ferramenta para auxiliar nos estudos, para a realização de pesquisas e leitura de materiais online. A compra deste recurso teve o objetivo de utilizar o tempo de deslocamento entre as escolas como um momento de aprendizagem.


Atualmente não utilizamos mais o mimeógrafo nas escolas, apenas o Xerox, o pendrive já foi substituído pela “nuvens” que facilitam o acesso das informações de qualquer aparelho. Os eletrônicos são sincronizados, fazendo com que tarefas possam ser realizadas através de computadores, tablets e smartphones. As pesquisas são feitas através da internet, sem a necessidade de pesquisar em livros, mas muitas das fontes são livros que foram digitalizados.
Apesar de já “dominar” os recursos tecnológicos, percebo que a utilização em aula como um recurso de aprendizagem ainda está distante. Nós professores ainda precisamos aprender como utilizar a internet como ferramenta  no ensino. Desta forma, me sinto ainda insegura na utilização deste recurso nas turmas de alfabetização.






Semana 5

Resenha: Hara, Regina.
Alfabetização de adultos: ainda um desafio. 3. Ed. São Paulo: CEDI, 1992


A alfabetização de jovens e adultos ainda é um grande desafio para os educadores. Para os adultos das camadas mais populares, alfabetizar-se se torna também um desafio. Estes adultos, trabalhadores, precisam enfrentar seus desgastes físicos do trabalho diário para atingir os objetivos da escolarização. Os educadores, muitas vezes, são colocados frente às classes de alfabetização sem experiência e sem o principal: a formação para atuar nesta modalidade. A alfabetização de adultos vai além de leituras sobre o tema, é necessário o compromisso político do professor com seus alunos.
Para Paulo Freire, a alfabetização é um ato de conhecimento e ato criador, desta forma o educador deve auxiliar o educando neste processo sem anular seus conhecimentos e sua criatividade. O educando, por sua vez deve manter-se responsável pela construção de sua própria linguagem escrita e sua leitura.
Emília Ferreiro e Ana Teberosky, assim com Freire, tornam o educando como sujeito construtor de seu próprio conhecimento. Este sujeito tem a aquisição da linguagem adquirida pelas relações do meio em que vive.
A pesquisa realizada mostrou que os adultos não alfabetizados possuem as hipóteses de escrita, assim como as crianças em processo de alfabetização. O processo de alfabetização leva ao educando o domínio do código escrito, para muitos adultos a busca por este domínio ocorre para que aprenda a assinar seu próprio nome, melhorar seu emprego e até mesmo poder compartilhar de forma escrita suas experiências e histórias.
Para a alfabetização de adulto, recomenda-se que se utilize da criatividade dos educandos. Oferecer para os alunos textos escritos para que instigue sua vontade de ler. A curiosidade é uma grande aliada neste processo, auxilia na mobilização dos conhecimentos, que muitos sequer sabem que têm. Para escrever é importante que os alunos tenham o desejo de escrever, sendo assim, buscar por objetivos de cada sujeito incentiva o educando na aquisição da linguagem escrita.
No processo de alfabetização alguns fatores podem tornar o processo mais fácil ou mais difícil, mas depende do sujeito que busca a escolarização. Para alguns trabalhar a partir de seu nome pode facilitar, por isso o professor tem o papel de mediar esta aprendizagem, auxiliando cada indivíduo na melhor forma para atingir seus objetivos. Outro fator que auxilia os alunos é a socialização de estratégias entre os alunos, primeiramente o professor inicia para que após os alunos comecem a compartilhar suas estratégias, assim os alunos desenvolvem a autonomia durante o processo.
Os alunos da EJA possuem características similares a muitas outras classes de alfabetização de Jovens e Adultos. Em uma classe analisada, os alunos destacaram a importância do conhecimento da leitura e escrita para melhora seu emprego e de forma geral suas vidas. A falta de escolarização, normalmente ocorre pela necessidade de trabalhar desde muito cedo para auxiliar o sustento de suas famílias.
Percebe-se que os jovens e adultos que buscam pela escolarização precisam ser motivados constantemente. Estes alunos não podem ser tratados como seres vazios de conhecimentos. O professor precisa conhecer estes saberes para criar as estratégias de ensino, as sempre deixando os alunos como sujeitos da aprendizagem.  Desta forma o professor, como mediador, possui a responsabilidade de instigar o educando fazendo com crie objetivos a serem alcançados como forma de incentivo.

Ao realizar a resenha, foi possível associar todo  o processo de alfabetização de adultos com a matéria realizada pelo Fantástico, no dia das mães deste ano. Na entrevista, uma mulher, catadora de recicláveis e  mãe de sete filhos passa por uma frustração em um banco, pois não sabia fazer a assinatura de seu nome. Junto a ela estava um de seus filhos. Ao perceber o quanto a mãe ficou chateada com a situação, o menino começa então a ensinar sua mãe a ler. Vemos através da matéria uma ilustração do analfabetismo no Brasil, muitas pessoas ainda não escolarizadas, por diferentes motivos sem saber escrever o próprio nome.
No caso citado na matéria percebemos que a mãe aceita a ajuda do filho com o objetivo de não passar mais por situações constrangedoras. Este objetivo, faz com que mesmo fora da escola a mãe torna-se o sujeito da aprendizagem e seu filho, tomando o lugar de educador auxilia no seu processo de alfabetização. Ambos possuem seus desafios, o filho passou a ser  mais dedicado com os estudos para que pudesse auxiliar sua mãe. Desta forma, a criança também tornou-se o sujeito da sua aprendizagem. 

         
          Assista a matéria: 
http://g1.globo.com/fantastico/noticia/2018/05/menino-de-12-anos-vira-professor-de-sua-mae-e-ensina-ler-e-escrever.html

sexta-feira, 27 de julho de 2018

Semana 4


Os desafios da EJA:

            Os alunos que buscam pela escolarização fora do período regular muitas vezes não tiveram a oportunidade de estudar por terem que trabalhar, por terem tido dificuldades na aprendizagem e que sem auxílio acabam evadindo da escola. Devemos levar em consideração também, o fato de que a garantia de “educação para todos” é algo recente, o direito passou a ser garantido após a constituição de 1988.  Vemos o reflexo disso na quantidade de pessoas mais velhas analfabetas que buscaram/buscam pela EJA com o intuito de se alfabetizar. Estas pessoas veem na leitura e na escrita uma oportunidade de libertar-se, de ver o mundo de outra forma.
A escolarização traz a estes alunos uma oportunidade de “ler o mundo” tornando-se um cidadão com voz ativa, participante das decisões na comunidade em que está inserido. Na educação de Jovens e adultos, o professor possui um papel muito importante de mediar o ensino, mas sempre levando em consideração a bagagem de aprendizagem que o aluno carrega consigo.  A escola, para estes alunos,  torna-se um ambiente de relações interpessoais que proporciona o compartilhamento de saberes para o desenvolvimento de suas potencialidades.
Referência:
GIROUX, Henri. Excerto do texto “Alfabetização e ‘empowerment’ Político”, Introdução do Livro “Alfabetização”, Paulo Freire e Donaldo Macedo.


quarta-feira, 25 de julho de 2018

SEMANA 9


PLANEJAMENTO DE ENSINO
Rays (2000) nos apresenta os cinco pontos do planejamento de ensino. De acordo com ele “o planejamento de ensino é um momento do trabalho pedagógico necessário para o processo de escolarização, pois é a instância de decisão e de previsão da organização de situações didáticas para um grupo de alunos”. Abaixo destaco os principais pontos do planejamento e sua relação com a prática.
Escola e realidade social:
A escola deve conhecer o contexto social em que está inserida, para que, consiga atingir seu público alvo de forma eficaz e satisfatória. A realidade social ocorre quando se abre as portas para a comunidade escolar. Uma das principais formas é através da pesquisa. Com os alunos podemos realizar projetos de aprendizagens, pois sempre será relacionado com o local onde se vive, ou seja, do interesse da comunidade.

·         Retrato sociocultural do educando:
Para a criação do retrato sociocultural do educando deve ser considerado o perfil do contexto social da escola. A ação pedagógica desenvolvida através do diálogo com a comunidade escolar faz com que o educando sinta-se como parte da escola. Atualmente vemos o retrato sociocultural do educando através da construção do PPP da escola. A participação das famílias e dos educandos contribui para que a escola construa a ação pedagógica de acordo com os interesses dos educandos.

·         Objetivos de ensino-aprendizagem e conteúdos de ensino:
A escola deve considerar o momento vivenciado pela comunidade. Executar atividades relacionadas com a prática, levando em consideração a significação dos objetivos para os educandos.     Na escola, o professor deve fazer uso das situações adversas para oferecer ao aluno a reflexão e a prática na busca pela solução de problemas da comunidade. Desta forma o educando passa a participar de sua comunidade de forma crítica. Assim, o ensino transforma-se mais significativo-concreto.

·         Procedimentos de ensino-aprendizagem:
O procedimento de ensino-aprendizagem tem como principal objetivo, despertar o senso crítico do educando. A organização dos procedimentos deve respeitar a estrutura dos conteúdos de acordo com a realidade da comunidade. O ensino ao transformar-se mais significativo-concreto, faz com que o educando, reflita sobre sua postura/ responsabilidade diante de sua comunidade. O educando torna-se um ser reflexivo, capaz de modificar o meio em que vive.

·         Avaliação da aprendizagem:
A avaliação não deve medir o conhecimento do educando, mas sim avaliar seu desenvolvimento integral. Atualmente na educação infantil e no fundamental I – bloco de alfabetização os alunos são avaliados através de seu desenvolvimento, buscando registrar as observações das aprendizagens no decorrer do período.

O planejamento de ensino, mesmo que o professor se abstenha deste fato, torna-se um ato político-pedagógico, pois ao ser levado em consideração o meio em que se vive, a cultura do local e a reflexão dos problemas/situações transfere ao aluno a tomada de decisão, fazendo com que se torne um cidadão com voz em sua comunidade.

REFERÊNCIAS:

PLANEJAMENTO DE ENSINO: um ato político-pedagógico


terça-feira, 24 de julho de 2018

Semana 3


AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM


           Após realizar as leituras e assistir ao vídeo proposto pela interdisciplina foi possível refletir sobre as teorias da aquisição da linguagem de acordo com Piaget e Vygotsky.
     Para Piaget,  as leituras e o desenvolvimento do pensamento se dá gradualmente, através da socialização dos estados mentais, pessoais, autísticos. Para com o discurso social, este é apresentado como um discurso que sucede e não que precede o egocêntrico, assim, o egocentrismo ou o socialismo na fala das crianças não depende apenas de sua idade, mas também do ambiente, em termos de condições. Piaget, ao analisar a brincadeira de crianças em uma turma de jardim, nos diz que: enquanto as atividades forem desenvolvidas em grupos maiores, menores serão as práticas do egocentrismo, já em casa, por exemplo, o discurso e suas interações, desde muito cedo serão, predominantemente sociais. Porém, o estudioso nos diz que, para que se estabeleça diferença entre social e individual, no pensamento, se faz necessário à comparação de comportamento das crianças com o ambiente, crianças oriundas de ambientes sociais diferentes, as que trabalham, por exemplo, nos remeterá a resultados que nos permitirão formular leis com esferas de aplicação muito mais amplas.     Segundo Vygotsky, a linguagem é uma ferramenta de contato. Possibilita a troca de ideias com as outras pessoas. Ele descobriu que para melhorar o nível da aprendizagem, mais do que agir sobre o meio, o indivíduo precisa interagir. Para ele, todo o sujeito adquire seus conhecimentos a partir de relações interpessoais, de troca com o meio. Vygotsky afirma que aquilo que parece individual na pessoa é na verdade resultado da construção da sua relação com o outro.     As características e atitudes individuais são compostas das trocas com o coletivo.            A linguagem é o caminho para que o processo de interação ocorra. A linguagem realiza uma espécie de mediação do indivíduo com a cultura.     Para Vygotsky, o professor é um mediador entre a criança e o mundo. Ele ajuda o aluno na interação com os outros e consigo mesmo, com isso, a criança desenvolve seu potencial.    Para Piaget, assim como para Vygotsky, a aquisição da linguagem é influenciada pelo ambiente em que se vive.          Porém, a teoria Piagetiana diz que a aquisição da linguagem depende do desenvolvimento da inteligência. Para ele, o cognitivo irá possibilitar o simbolismo. O simbolismo e a linguagem, nesta teoria, ocorrem juntos. A criança inicia o “faz de conta” e junto suas primeiras palavras, desta forma a representação simbólica está relacionada à linguagem.    
     Para Vygotsky, a linguagem está relacionada com a cultura do meio. A interação social com parceiros é mediada através da linguagem.  A mediação ocorre quando a criança compreende a linguagem com o simbolismo, passa então a nomear objetos e a relacioná-los.  A internalização é quando o aprendizado se completa e zona de desenvolvimento proximal se dá quando o individuo consegue interagir com o mundo e consigo mesmo. O professor, para Vygotsky, possui o papel de mediador, ou seja, deve auxiliar a criança em explorar todo seu potencial.         



REFERÊNCIAS:

https://www.youtube.com/watch?v=_BZtQf5NcvE - acesso em 27/03/2018

https://www.youtube.com/watch?v=FrwvPwQYFU4&t=19s - acesso em 27/03/2018

MONTOYA, Adrián Oscar Dongo. PENSAMENTO E LINGUAGEM: PERCURSO PIAGETIANO DE INVESTIGAÇÃO. Psicologia em Estudo, Maringá, v. 11, n. 1, p. 119-127, jan./abr. 2006